Campanhas - CNBB

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 1994

A fraternidade e a Família

O objetivo geral:

Redescobrir os valores da família: Lugar de encontro, espaço de vivência humana, ponto de partida de um mundo mais humano e de acordo com o Plano de Deus. Ao mesmo tempo, a Campanha da Fraternidade quer colaborar na criação de condições sociais e políticas objetivas para que a família possa realizar sua missão. Finalmente, pondo em prática o mandamento do amor fraterno, a Campanha da Fraternidade quer nos ajudar a olhar com confiança para um amanhã novo da família, que já pode ser descortinado.

 

Carta de Sua Santidade o Papa João Paulo II

Caríssimos Brasileiros!

Irmãos e Irmãs:

Saúdo-vos cordialmente neste início da Quaresma, para abrir a Campanha da.Fraternidade de 1994 (mil novecentos e noventa e quatro). Faço-o, em união com o episcopado brasileiro convidando a todos quantos Me escutam, a viverem com espírito de fé e recolhimento interior este tempo litúrgico, tempo de verdadeira penitência, destinado à preparação da Páscoa da Ressurreição de Cristo.

Hoje a liturgia da Igreja eleva fervorosas preces a Deus misericordioso com as palavras do Livro da Sabedoria: “Senhor, (…) amais tudo quanto fizestes; perdoai aos pecadores arrependidos” (cf. Sb 11,24-25). Que esta súplica sirva de alento para a conversão dos corações, e, por outro lado, de motivação para o adequado enfoque do tema proposto desta Campanha: “A Família, Como Vai?”.

Se nos perguntássemos, qual é, dentro de toda a obra da criação, uma das instituições mais amadas por Deus, a resposta seria, sem dívida, a Família. “O matrimônio e a família constituem um dos bens mais preciosos para a humanidade” (FC, 1). E, contudo, observa-se com apreensão os rumos por ela tomados, não só no Brasil, como no mundo inteiro. O clima de hedonismo e de indiferentismo religioso, que está na base do esfacelamento de boa parte da sociedade, propaga-se no seu interior e é a causa da desagregação de muitos lares. Precisamente por isto, em coincidência com o Ano Internacional da Família, a Igreja faz um premente apelo à redescoberta da família, “célula primeira e vital da sociedade” (AA, 11).

Ao pensar nos lares cristãos, gosto de imaginá-los semelhantes aos da Sagrada Família de Nazaré: nesta encontrarão uma grande luz que ilumina suas vidas, e os impele a seguir adiante cheios de ânimo, com otimismo, apesar das evidentes dificuldades por que atravessam atualmente. Junto a um consistente núcleo de famílias que se identifica com os ideais cristãos do Evangelho, encontram-se fissuras, cada vez mais amplas, no tecido societário provocadas pelo divórcio e pelas separações de fato — causa principal da juventude abandonada, para além das dificuldades sócio-econômicas; pelas uniões ilícitas, e o egoísmo que envilece o amor entre os cônjuges e atenta inclusive contra a vida dos não-nascidos.

Urge, caros Irmãos, restaurar o sentido cristão do matrimônio. Urge considerá-lo, especialmente dentro da Pastoral das Famílias, como uma vocação à santidade nas realidades ordinárias da vida conjugal; recordem os casais que é sinal revelador da autenticidade do amor conjugal a abertura à vida (FC, 32), mesmo quando Deus não envia prole. Naturalmente as responsabilidades de procriação estendem-se também ao empenho de fazer crescer os filhos numa vida humana e cristã, através de uma sadia e contínua obra educadora. Por isso, dizia-O na Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, que “baseada no amor e aberta ao dom da vida, a família leva em si o futuro mesmo da sociedade” (n. 2).

O Papa hoje queria falar ao coração de cada brasileiro e de cada brasileira que O escuta: revalorizai, com generosidade e fé, os valores do matrimônio; renovai, ao mesmo tempo, vossa confiança na Igreja que, ao defender a família, cria as bases de uma pacífica convivência humana e de abertura do homem para Deus (cf. VS, 96).

Que a Campanha da Fraternidade que hoje se inicia seja ocasião e estímulo para que as famílias cristãs abram-se à luz de Cristo: sejam elas portadoras aos seus semelhantes da alegria de sentir-se filhos de Deus.

Exorto-vos, irmãos e irmãs, a deixar-vos conduzir pelo Espírito de Deus, a romper com as cadeias do pecado e do egoísmo. Fazei da família um remanso de paz e de alegria. Pedi a Deus que em cada lar cristão se reproduza de algum modo o mistério da Igreja, escolhida por Deus e enviada como guia do mundo.

Que nesta Quaresma, o poder santificador do Espírito, que desceu sobre a Virgem de Nazaré desça também sobre todas as famílias do Brasil. Com esta prece, envolvendo em igual estima a todos, vos abençoo:

em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!

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