CAMPANHA DA FRATERNIDADE 1982
Educação e Fraternidade
O objetivo geral:
Criar condições para a prática de uma educação libertadora, a serviço da construção de uma sociedade fraterna.
Embora a Campanha de 1971 abordasse a questão da educação mais na linha do analfabestismo e recuperasse colaborar com o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), a Campanha de 82 foi muito mais abrangente. Ela questionava o modelo de educação no Brasil. Analisou o processo educativo como um todo, considerando os seus principais elementos e formas de abordagem, procurando mostrar o fundamento cristão para a educação como um todo. Um dos frutos da campanha foi a pastoral da educação.
A partir desta Campanha, o objetivo geral passou a ser elaborado de forma mais técnica e sucinta.
Carta de Sua Santidade o Papa João Paulo II
Amados irmãos e irmãs do Brasil!
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
Ao saudar-vos cordialmente nesta abertura da Campanha da Fraternidade no vosso País, revive em meu espírito, na saudade, o encontro convosco, quando de minha visita pastoral. O Papa não vos esquecerá nunca mais, continua a pensar em cada um, e com afeto em Cristo a rezar por todos os brasileiros, e a amar-vos. Nessa viagem pelo vosso querido Brasil, tive satisfação de vos ver, num momento, todos unidos em comuns sentimentos junto do Papa. Hoje, como então, tudo quero referir a Jesus Cristo, com o seu peculiar direito de cidadania na história do Homem e da Humanidade. É que hoje, como então, venho apelar para a vossa unidade como irmãos fortes só com a verdade de Cristo: “esta verdade tornar-vos-á livres”. É este o “slogan” da Campanha que hoje se inicia.
Ela intenta levar os homens, numa nação imensa como a vossa, a sentirem-se todos irmãos mediante a educação como caminho para a verdade. Mas, o que é a verdade? A pergunta não é nova, como não é nova a atitude do mundo diante das exigências da verdade. Vós recordais, um dia o Procurador Romano dirigiu-a a Jesus Cristo e no caso a resposta verbal fora por ele dada em precedência e a resposta real estava ali, o mesmo Cristo, mas Pilotos não o reconheceu, como não o reconheceu o mundo. Ali só foi reconhecido como homem por todo o seu exterior e visto humilhado e obediente. Mas foi em Cristo e por Cristo que o homem adquiriu plena consciência da dignidade, do valor transcendente da própria humanidade e do sentido da sua existência. E para isto, e para a vida em plenitude, ele continua a ser o caminho e a verdade: “A verdade tornar-vos-á livres.” Na nossa época, marcada pelos contrastes do modelo predominante da sociedade industrial, a educação é desafio posto a todos os homens de boa vontade, desafio à atividade pedagógica da Igreja, que faz parte da sua missão evangelizadora.
O tempo litúrgico da Quaresma chegou. Tempo de conversão, de Penitência e da Verdade. Ele nos é, proporcionado em Igreja e pela Igreja, para nos purificarmos do egoísmo e dos apegos excessivos a certos bens ou privilégios materiais ou de outra ordem, que criam distâncias dos irmãos menos favorecidos. Estes têm direitos que nos dizem respeito, nos hão de interpelar, porque também eles, criados à imagem e semelhança de Deus, abrangidos na renovada criação operada por Cristo Redentor do Homem.
Assim, ao tomardes parte com intenções esclarecidas no que se faz pela fraternidade no campo da educação em vossas Igrejas locais, sede generosos, pois estais a proporcionar os meios, incluindo os meios materiais, para cada um dos irmãos poder viver dignamente e chegar a assumir a tarefa da sua promoção humana integral, a nível de pessoa, de família e de pequenos grupos sociais.
Que nessa Quaresma e sempre, todos os brasileiros se sintam cada vez mais irmãos, cada vez mais uma família dos filhos de Deus, com a minha bênção apostólica,
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.