Campanhas - CNBB

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 1984

Fraternidade e Vida

O objetivo geral:

Pretende reunir e mobilizar os cristãos e todas as pessoas de boa vontade, em clima fraterno e aberto de campanha, para refletir (e agir) sobre todos os aspectos da vida, na sua unidade espiritual, moral, intelectual, psicológica e física. Quer ser um sinal de esperança para as comunidades cristãs e para todo o povo brasileiro a fim de que dentro de um panorama de sombras e de atentados à vida, sintam a luz de Cristo, que vence o egoísmo, o pecado e a própria morte.

A vida é o grande dom de Deus, é o seu sim à criação. Por isso, é necessário dizer sim à vida, a toda e qualquer vida: aquela que acaba de ser concebida, aquela que se apresentada débil, deficiente, sofredora, inutilizada e malbaratada.

 

Carta de Sua Santidade o Papa João Paulo II

Queridos Brasileiros!

Meus irmãos e irmãs em Cristo

  1. É com grande alegria que me encontro bem próximo de vós, pela imagem e pelo coração, nas vossas casas; e vos saúdo com toda a estima: “Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!”

Estas palavras, na vossa língua trazem-me a lembrança, grata e sempre viva, do meu encontro com o Brasil. E recordo-me de todos com afeto no Senhor; neste momento, porém, recordo especialmente muitas e lindas crianças e um oceano de jovens, dos queridos jovens brasileiros, na festa da “vida” com o Papa — na festa da santíssima Eucaristia. E todas as imagens me dizem: vida!

Fui convidado, também neste ano — Ano Santo da Redenção — a dizer uma palavra na abertura desta Campanha da Fraternidade, apelo ao empenho quaresmal de conversão e reconciliação e convite a gestos concretos de caridade, a todos os níveis: “para que todos tenham a vida”. E que vos direi? — Olhai.

  1. A vida é um dom, que brota do amor de um Pai, o Deus da bondade, para todo o ser humano; e, desde a sua concepção, Ele lhe reserva um lugar especial no seu coração paterno: quer o homem feliz, chamando-o continuamente à comunhão jubilosa da sua Casa.

A vida é o sim de Deus, na Criação, no princípio, pelo seu Verbo, sem o qual nada foi criado: façamos o homem. Nele estava a Vida, e a vida era a luz dos homens; é o sins de Deus continuado na Redenção, pelo Filho unigênito, que Ele deu pela vida do mundo.

Todos os que aceitam Cristo como a “luz dos homens”, numa sociedade que enferma de egoísmo e está minada por tantos fermentos de morte, aceitam o sim de Deus à vida, fazem dele norma de pensar e agir, tornam-no o próprio sim à vida, a toda e qualquer vida, mesmo aquela que acaba de ser concebida, aquela que se apresenta débil, deficiente, sofredora, inutilizada e malbaratada.

Por isso, além de dom, a vida é empenho: empenho de aceitar, defender e favorecer a vida; empenho em dar largas à inventiva do amor, da caridade, para valorizar o dom de Deus, em si e no próximo; empenho em ajudar todo o homem, quando e como quer que se nos apresente: em meio à ilusória opulência, contrastando com o pobre Lázaro: como o “mais pequenino”, com quem o próprio Senhor e Juiz se identifica; ou “espoliado, ferido, abandonado e meio-morto no caminho”, apelando por um “samaritano”.

  1. “Para que todos tenham vida”, tem como prioridade a conversão, pessoal e coletiva: conversão das mentes, das vontades e dos corações, para Deus, nosso Pai, pelo Seu Filho Jesus Cristo, Redentor do homem e irmão universal; e voltar-se para a pessoa humana, com a sua dignidade. Para tanto, impõe-se percorrer estes caminhos:

– sensibilização das consciências, quanto ao caráter sagrado da vida e dignidade humana, valor basilar de toda a sociedade;

– esforço esclarecido por ser afirmado, malgrado a visão diversa de ideologia e sistemas, o primado da vida e da pessoa, desde o momento da concepção, em toda a existência até a morte;

– corajosa tomada de posição frente a tudo o que atenta contra a vida humana ou que a rebaixa, como foi especificado pelo Concílio, à luz do primado do ser sobre o ter, na Constituição Gaudium et Spes.

“Para que todos tenham vida”, Cristo se fez Redentor do homem, habitou entre nós e permanece … como “caminho e verdade”, como “ressurreição e vida”. Ele é a nossa Páscoa! Em seu nome, para que tenhais a vida, a vida com todas as suas dimensões, e para isso sirva a Campanha da Fraternidade, que ora se inicia no espírito da Quaresma, de todo o coração vos abençoo:

em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

 

Análise conclusiva da Segunda fase

Esta visão histórica da campanha da fraternidade na sua segunda fase traz alguns elementos que exigem uma reflexão.

O período compreendido entre 1973 e 1984 foi muito importante e rico para a Igreja no Brasil em geral e para a campanha da fraternidade em particular. A Campanha vai, aos poucos, assumindo a discussão eclesiológica e sendo determinada por ela, e desafiada pelos acontecimentos da época.

A identidade da Campanha como caminho quaresmal vai tomando corpo, pois busca um processo de transformação da sociedade em vista do mistério da ressurreição, o que só é possível na medida em que se descobre Corpo Místico de Cristo, o Servo sofredor que, a partir da realização da obra da cruz, prestou seu grande serviço à humanidade. Este serviço deve ser continuado pela Igreja nos caminhos da história.

Na media em que a Igreja procura, através da Campanha da Fraternidade contribuir para que a quaresma seja tempo de conversão a nível comunitário através da formação da consciência de todos de modo que haja um grande mutirão para a transformação da sociedade, o Povo de Deus assume o papel de Igreja serva e libertadora. Assim, a Igreja contribui efetivamente para que a Páscoa seja celebrada, mas também vivida na história da humanidade.

Edições CNBB

CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

SE/Sul Quadra 801 Conjunto “B” - 70200-014 - BRASÍLIA – DF
Fone: (61) 2103-8300 - Fax: (61) 2103-8303