Campanhas - CNBB

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 1985

Fraternidade e Fome

O objetivo geral:

Contribuir para motivar a comunidade cristã a assumir sua responsabilidade ante a situação de fome que existe no Brasil.

 

Carta de Sua Santidade o Papa João Paulo II

Queridos Brasileiros:

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Vai começar a Quaresma, tempo de penitência, em preparação para a Páscoa. O Senhor Jesus vai passar oferecendo a graça da conversão pessoal e comunitária. Ele convida a todos a percorrerem os caminhos da verdade e do bem, que nos tornam livres. Livres das trevas e participantes da luz e vida nova, que o Mistério Pascal de Cristo anuncia e comunica. “Vim, para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. Luz e trevas são imagens da graça e do pecado, da caridade e do desamor. Neste ano do 11º Congresso Eucarístico Nacional do Brasil, que se vai celebrar em Aparecida, foi feliz a escolha do tema para a Campanha da Fraternidade, que hoje tenho a alegria de abrir. Durante a Quaresma, sereis interpelados pelo lema que suplica ‘pão para quem tem fome’, fome do corpo e fome do espírito.

Vede, irmãos! Nunca a humanidade dispôs de tantos bens e possibilidades, como hoje. E no entanto, uma imensa parte dos habitantes da terra, irmãos na humanidade, é atormentada pela fome e miséria. Fome no mundo e fome no Brasil! Sem deixar de reconhecer a complexidade do problema, pode perguntar-se: Terá esta tragédia de tantos irmãos nossos, explicação somente nas calamidades naturais ou também obras ou omissões comodistas, egoístas dos homens contribuem para agravá-las?

A pergunta interpela a todos e só desejaria ser convite a repensar, rever e, por ventura, reformar posições e sistemas. Convite a iniciativas coordenadas, a fim de se descobrirem, franquearem e percorrerem caminhos novos. Caminhos que levem à participação, aquela de todos na reconciliação das classes sociais. Caminhos que busquem mais justiça e equidade a serviço da dignidade, da felicidade e da autêntica fraternidade de todos os homens, filhos de Deus. Tais caminhos passam por uma transformação de estruturas, que implica a profunda conversão das mentes, das vontades e dos corações, para a verdade e dignidade de cada pessoa. Esta, a luz do homem, que é Jesus Cristo, o Filho de Deus.

A Quaresma, a Páscoa e a Eucaristia lembram-nos, que se alguém, possuindo bens deste mundo, vê o seu irmão necessitado e lhe fecha o coração, como permanecerá nele o amor de Deus? Por isso, exortam a dizer ‘não’ ao comodismo egoísta e ‘sim’ ao amor. Amor do nosso Criador e Pai, que destinou a terra, com todo o pão que produz, para uso de todos os homens e povos. Amor de nosso Redentor, Jesus Cristo, que sob a forma de pão, nos deixou o memorial da suprema prova de amor, dar a vida na Eucaristia, Sacrifício, Sacramento e Pão de Vida. Amor do nosso Santificador, o Espírito Santo, Senhor que dá a vida e que falou pelos profetas. Amor do próximo, segundo o Mandamento Novo dado por Jesus, ‘que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei.

Quando houver possibilidade de pão para todos, o flagelo da fome pode revestir o caráter de escândalo, o escândalo do desamor. Que em cada lar brasileiro, se possa rezar sempre: Pai Nosso, que estais no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje! E dai pão para quem tem fome, toda espécie de fome! Ouvi o apelo da Eucaristia, comungar para amar, como Deus nos mandou celebrar como irmão, ao redor da mesma mesa, o Mistério Pascal do Primogênito Jesus Cristo, Nosso Senhor. E com afeto a todos abençoo,

em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!

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