CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2002
Fraternidade e Povos Indígenas

O objetivo geral:
Motivar a conversão das pessoas, da sociedade e da própria Igreja para a solidariedade, a justiça, o respeito e a partilha, dando especial destaque, desta vez, aos povos indígenas. É um convite a todos os cristãos para engajarem-se na esperançosa luta pela conquista e garantia dos direitos dos povos indígenas. É também uma oportunidade para compartilharmos valores, sabedoria, conhecimentos e formas de ver a realidade. Ao refletirmos sobre a causa indígena, vamos assumir um compromisso concreto com suas lutas, em defesa de suas identidades étnicas, “suas organizações sociais, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam”. (Const. Brasil, art., 231).
Carta de Sua Santidade o Papa João Paulo II
Ao Venerável Irmão no Episcopado
Raymundo Damasceno Assis
Secretário-Geral da CNBB
«Eis o tempo oportuno, eis o dia da salvação» (2Cor 6,2).
Com estas palavras da Sagrada Escritura, desejo unir-me a toda a Igreja que está no Brasil, para dar início à Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema «Fraternidades e povos indígenas» e como lema «Por uma terra sem males», com os votos de que seja estimulada a fraternidade cristã com todos os povos da mesma família humana.
Neste “tempo oportuno, tempo de salvação”, que é a Quaresma, invocamos a luz do Altíssimo a fim de que conceda a todos o arrependimento e o conhecimento da verdade (cf. 2Tm 2,25). E a verdade, como já tive ocasião de dizer na minha 2ª viagem pastoral ao Brasil, é que «aos olhos de Deus (…) só existe uma raça: a raça dos homens chamados a serem filhos de Deus. Só existe um povo, formado de muitos povos, cada um deles com seu modo de ser, sua cultura e suas tradições: a humanidade que Jesus resgatou, e salvou, com o preço do seu Sangue» (Discurso, 16/10/1991, 1). Ora, «aos que se voltam com fé para Cristo, autor de salvação e princípio de unidade e de paz, Deus chamou-os e constituiu-os em Igreja, a fim de que ela seja para todos e cada um sacramento desta unidade salutar. Destinada a estender-se a todas as regiões, ela entra na história dos homens, ao mesmo tempo que transcende os tempos e as fronteiras dos povos» (LG, 9). Deste modo, a Igreja quer introduzir o Evangelho nas culturas dos povos, transmitindo-lhes sua verdade, assumindo, sem comprometer de modo algum a especificidade e a integridade da fé cristã, o que de bom existe nessas culturas e renovando-as a partir de dentro (cf. Redemptoris missio, 52), levando a todos a mensagem de salvação realizada por Cristo.
Enquanto Cristo não conheceu o pecado mas veio apenas expiar os pecados do povo, a Igreja, «contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação»(LG, 8). Eis o “tempo oportuno!” Na sua dimensão penitencial e batismal (SC, 109), a Quaresma leva a todos os batizados a reviverem e a aprofundarem todas as etapas do caminho da fé, para que, consciente e generosamente, renovem sua aliança com Deus. A consciência da filiação divina pelo Batismo, poderá servir então de renovação espiritual e de fraternidade com seus irmãos, sobretudo com os que clamam por uma maior justiça e solidariedade.
Por isso, a Igreja permanecerá sempre ao lado dos que sofrem as consequências da pobreza e da marginalização, e seguirá estendo sua mão materna aos povos indígenas para colaborar na construção de uma sociedade onde todos e cada um, criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26), vejam respeitados seus direitos, tendo condições de vida conforme sua dignidade de filhos de Deus e irmãos em Jesus Cristo.
Peço a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, que proteja o Brasil e sua gente e envio, em sinal do mais sincero afeto pela Terra da Santa Cruz,
uma propiciadora Bênção Apostólica.